quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Do quarto andar

o amor é sempre um navio condenado
do meu quarto andar vejo a vida
carros, pessoas, casais, mendigos
do meu quarto andar analiso a queda, tão brusca, tão solene
mulheres de azul falam baixinho
ou talvez seja eu que fale sozinho
sozinho é a palavra certa, combina comigo
é o que diz todos os dias o cara do outro lado do espelho
por sinal homem estranho este, ou talvez garoto, ou talvez menino
me olha sempre estranho, meio inquieto, meio obstinado
talvez seja sozinho como eu, talvez me ame muito
mas no escuro não tem cheiro, nem calor
talvez tenha ido embora, e do quarto andar volto a olhar
as meninas que sempre quis namorar
vontade estupida essa de querer outro alguem quando se tem você mesmo só para sí
mas o amor é sempre um navio condenado

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